Archive for the ‘Brasil’ Category

Impressões da capital da Bahia

julho 23, 2009

Amanhã deixo Salvador depois de 15 dias de estadia na casa de meu pai. Foram dias legais em que pude revisitar alguns lugares e conhecer outros novos. Também cumpri o objetivo pessoal de adquirir mais um instrumento musical, um berimbau – embora ainda não saiba como farei para trazê-lo no avião.

Ao que me pareceu, Salvador é uma boa cidade pra se morar, se você puder desfrutar de uma situação econômica confortável. Penso seriamente em gastar uma partezinha da minha vida aqui, no futuro. Claro que o que mais fomentou esse desejo foi o contato com as aprazíveis praias, repletas de quiosques com cerveja gelada e porções saborosas. E tudo sob uma brisa do mar que é de tocar a alma.

As praias que conheci de perto foram a de Stella Maris e a do Flamengo, que são contíguas, e a Praia do Buraquinho, um pouco mais distante. Mas circulando a orla de ônibus, pude contemplar Itapuã, Barra, Piatuba e muitas outras mais. Todas de beleza estonteantes.

O transito parece (parece!) fluir bem nos horários e nas áreas por onde andei de carro. A cidade também dá sinais de contar com uma vida cultural relativamente rica. Apesar de não ter assistido a nada, pela rádio pude ouvir a vários anúncios de peças e shows. Dos lugares que conheço, sei que há o teatro Castro Alves e o Museu de Arte Moderna (onde deixei de ir a um jazz de sábado por causa de uma chuva importuna). Deve haver dezenas de outros mais, sem contar a própria cultura local que já é muito rica por si mesma.

O Pelourinho é, sem dúvida, o lugar com maior concentração de turistas, já que é lá o centro histórico da cidade, bastante curioso e atrativo. Seu interior é cheio de igrejas antigas, lojinhas de souvenires e restaurantes. Ainda possui uma belíssima visão da costa, com embarcações de médio porte disputando espaço com o reflexo do sol nas águas cristalinas do mar.

Mas, se as praias de Salvador já são de uma beleza ímpar, conforme você deixa a cidade rumo ao norte, a paisagem  se torna paradisíaca demais. É até covardia. Seguindo no único trecho de estrada duplicada da região, que beira a costa, condomínios de alto padrão começam a dar as caras. Isso do lado direito, o lado do mar. Do lado esquerdo, estão as casas mais humildes, que abrigam a população de baixa renda.

Fui até a Praia do Forte, que fica numa vilazinha turística, pertencente ao município de Mata de São João. Lá também é sede de uma unidade do Projeto Tamar, aquele das tartarugas. Foi um dos lugares mais bonitos em que estive em minha vida. Já decidi que quando me aposentar (se ainda houver aposentadoria), vou comprar uma casa e morar por ali. Só vendo para saber do que falo.

Voltando à Salvador, talvez a característica mais marcante da paisagem urbana, sob uma observação isenta, não é nem de longe as praias. Pra quem olha do lado oposto ao mar, vai perceber que a cidade quase que por completo é cercada por favelas, situadas no alto dos morros. Aqui elas são chamadas de “invasões”. Como já disse em um post anterior, de uma cidade que ostenta um índice de desemprego na casa de 20% não se poderia esperar outra coisa.

"Invasões" soteropolitanas

"Invasões" soteropolitanas

É, tchau Salvador. Agora é voltar à Rio Claro, para, quem sabe, empreitar uma nova viagem em pouco tempo.

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ps1: Leitores de primeira viagem no blog que queiram ver mais fotos minhas de Salvador, podem visitar meu novo Flickr.

Imagens de Salvador III

julho 23, 2009

elevador
cesta de frutas
cruzes

Para ver mais fotos, clique aqui.

Imagens de Salvador II

julho 18, 2009

Praia de Stella Maris, hoje.

Fritando Acarajé

Menino correndo

eu

Imagens de Salvador

julho 17, 2009

Kitesurfing

Praia do Buraquinho, ponto do kitesurfing soteropolitano, ontem.

Jornalismo e a PM carioca

julho 16, 2009

Ainda na esteira do papo de ‘jornalismo independente’, acabei de ler um texto muito bom, via email, sobre uma “visita” de PMs a um morro carioca, daquelas bastante respeitosas aos Direitos Humanos, e da visão de jornalistas do O Globo sobre o fato.  Abaixo, um ligeiro trecho:

Ao receber minha mãe de volta para o tradicional almoço de domingo, qual não foi a minha surpresa quando ela veio me contar que a atividade, por pouco, não havia sido cancelada. O motivo? A comunidade estava em pânico e com medo de sair de casa após a morte de cinco moradores da comunidade em uma incursão da PM na noite anterior.

A história contada pelos moradores que se arriscaram a participar (descrita por TODOS eles, sem exceção) e confirmada pelos responsáveis pela escola era a seguinte: o tráfico atrasara o famoso arrego dos policiais. Em represália, os militares proibiram a realização de uma tradicional festa junina (veja bem, NADA de baile funk) que reúne os que vivem no local. Sim, é bem verdade que ela só é realizada com o apoio financeiro dos traficantes, mas se assim não fosse acho bastante difícil que existisse verba disponível para bancar a confraternização.

Para ler o texto completo, cliquem aqui. A autoria é de Luã Marinatto, estudante de jornalismo da UFF. Recomendo.

Um exemplo de jornalismo independente

julho 16, 2009

Quando estamos na faculdade, no auge de nossos ideais, gastamos horas e horas pensando e projetando um jornalismo fiscalizador e independente. Fazemos jornais comunitários, programas de webrádio, blogs, todos com um caráter de denúncia das injustiças sociais e do poder opressor.

Mas aí nos formamos, viramos reféns do mercado de trabalho, e vemos que o que prevalece mesmo são os interesses das empresas jornalísticas. Fiscalizar, sim, até o limiar das conveniências. É a chamada “liberdade de empresa”, ao invés da hipócrita, porém gritada  a 4 cantos “liberdade de imprensa”. Mas há exceções.

Uma delas é Lúcio Flávio Pinto, que redige desde 1987 o seu Jornal Pessoal. Trata-se de uma publicação quinzenal, feita de forma totalmente independente, livre de anúncios, e vendida nas bancas de Belém do Pará. É o que chamo de fazer jornalismo na raça.

O preço da independência costuma ser alto. No caso de Lúcio, foi de 30 mil reais. Esse é o valor que o jornalista está obrigado a desembolsar, por conta de uma condenação ordenada por um juiz de uma vara belenense. Lúcio mexeu com poderosos de uma elite local, que comanda a imprensa paraense. A condenação foi sua conseqüência.

Para ler a história completa, leiam este post do Idelber Avelar, que detalha tim-tim por tim-tim o caso. O mesmo Idelber também deu início a uma campanha para doações para ajudar Lúcio. Ele mesmo e até o Alex Castro já ajudaram. Pretendo fazer o mesmo o mais breve.

Fica aqui a mais sincera solidariedade à Lúcio Flávio Pinto, que, antes de mais nada, é uma solidariedade ao jornalismo independente. E recomendo aos blogueiros que apoiam a causa, que passem essa notícia adiante.

Salve a dor!

julho 10, 2009

Nas duas vezes que fui pra Salvador, costumo dizer que as coisas que mais me marcaram foram suas belas praias das quais todo mundo já sabe, e a pobreza obscena, que também não é novidade pra ninguém. Sol, areia fofa, mar aprazível, Itapuã, Stella Maris, Flamengo costumam dividir espaço ombro a ombro com pelotões de crianças pedintes e mendigos desamparados.

A região metropolitana de Salvador sustenta um índice de desemprego de cerca de 19,8% de sua população economicamente ativa (PEA), num país cuja média é de 12,7%. Trata-se de uma das maiores taxas brasileiras, se não a maior. O reflexo é perfeitamente visível na paisagem urbana. E muitas vezes também sentido na carteira batida, no celular subtraído, ou, pior, na pele. A violência, tal qual outras metrópoles, é endêmica.

Rumo esta noite para a terra de Dorival Caymi, Jorge Amado e Obina, a visitar meu velho, acompanhado de meu irmão e avó paterna. Se as circunstâncias contribuírem, e meu pai estiver a fim, quero conhecer também a Chapada Diamantina e suas vistosas serras. E quem sabe também dar um pulo em Aracaju. Fotos não faltarão, podem aguardar.

O que está certo mesmo, é a aquisição de mais um instrumento musical , que vai se juntar ao contra-baixo, à flauta boliviana e ao pandeiro, hoje meros enfeites do quarto de um aspirante frustrado à multiinstrumentista.

berimbau

Foto de Bruno Moreira